O medo e a vontade. Dois irmãos gêmeos. Tão parecidos e tão
diferentes entre si... E, como tal, um buscando dominar o outro. Especialmente
o medo. De caráter autoritário, gosta de dominar a vontade. De deixa-la sem
ação. De fazê-la contentar-se com pouco. Enquanto a vontade aceita
passivamente, não há conflito. Ela deixa que o medo tome conta da situação.
Entra-se em uma zona de comodismo. Nada acontece.
A questão é
que a vontade também não tem sangue de barata. Chega um momento em que ela
(mais cedo ou mais tarde) toma consciência. Cansa-se de ser dominada pelo medo.
Quer exercer sua ação. Fazer frente ao medo. Claro que o medo não aceita a
situação. (e como aceitaria? Que ditador aceita de bom grado perder seus
poderes? Não mais dominar? Não tem, não é? Pois é o mesmo com o medo) Ele não
admite que a vontade tenha seu livre-arbítrio. Está instalado o conflito. O
medo quer mandar. A vontade quer ser livre. O medo fará de tudo para aprisionar
a vontade. É um irmão ciumento. Porá “pilha fraca” em qualquer ação que a
vontade queira exercer. Dirá que não vai funcionar. Que a vontade sofrerá por
isso. Tentará convencer que é melhor ficar onde está.
A vontade
sabe que é uma luta árdua. O medo é muito controlador. A vontade terá muita
ansiedade. Quererá agir afobadamente às vezes. Verá que isso nem sempre é
possível. Possivelmente desanimará diante de algum obstáculo. Pensará que o
medo está cheio de razão. A vontade cogitará desistir da empreitada.
Ela sabe de
tudo isso. Mas sabe que a via é de mão única. Até pode-se parar no caminho. Mas
não há como voltar atrás. Tem que se seguir em frente. Mas ela sabe que, mais
cedo ou mais tarde (em geral mais cedo do que imagina), chegará ao seu destino.
O que a
vontade talvez nem imagine é que, ao final da jornada, o medo a estará a
esperar. Não mais como um irmão gêmeo autoritário e dominador. Mas como um
irmão gêmeo parceiro e aliado...
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