segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O medo e a vontade



O medo e a vontade. Dois irmãos gêmeos. Tão parecidos e tão diferentes entre si... E, como tal, um buscando dominar o outro. Especialmente o medo. De caráter autoritário, gosta de dominar a vontade. De deixa-la sem ação. De fazê-la contentar-se com pouco. Enquanto a vontade aceita passivamente, não há conflito. Ela deixa que o medo tome conta da situação. Entra-se em uma zona de comodismo. Nada acontece. 
A questão é que a vontade também não tem sangue de barata. Chega um momento em que ela (mais cedo ou mais tarde) toma consciência. Cansa-se de ser dominada pelo medo. Quer exercer sua ação. Fazer frente ao medo. Claro que o medo não aceita a situação. (e como aceitaria? Que ditador aceita de bom grado perder seus poderes? Não mais dominar? Não tem, não é? Pois é o mesmo com o medo) Ele não admite que a vontade tenha seu livre-arbítrio. Está instalado o conflito. O medo quer mandar. A vontade quer ser livre. O medo fará de tudo para aprisionar a vontade. É um irmão ciumento. Porá “pilha fraca” em qualquer ação que a vontade queira exercer. Dirá que não vai funcionar. Que a vontade sofrerá por isso. Tentará convencer que é melhor ficar onde está.
A vontade sabe que é uma luta árdua. O medo é muito controlador. A vontade terá muita ansiedade. Quererá agir afobadamente às vezes. Verá que isso nem sempre é possível. Possivelmente desanimará diante de algum obstáculo. Pensará que o medo está cheio de razão. A vontade cogitará desistir da empreitada.
Ela sabe de tudo isso. Mas sabe que a via é de mão única. Até pode-se parar no caminho. Mas não há como voltar atrás. Tem que se seguir em frente. Mas ela sabe que, mais cedo ou mais tarde (em geral mais cedo do que imagina), chegará ao seu destino.
O que a vontade talvez nem imagine é que, ao final da jornada, o medo a estará a esperar. Não mais como um irmão gêmeo autoritário e dominador. Mas como um irmão gêmeo parceiro e aliado...

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